Crítica de Superman (2025)
- mindinmaia
- 1 de ago.
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No dia 10 de julho de 2025, chegou às telonas brasileiras mais uma aguardada versão do Superman — agora sob a direção de James Gunn, que oferece uma nova perspectiva cinematográfica ao herói mais icônico da DC. Conhecido por seu trabalho tanto na Marvel quanto na própria DC, Gunn dirigiu a trilogia Guardiões da Galáxia, além do filme O Esquadrão Suicida (2021) e da série Pacificador (2022), da HBO Max.
Desde 2022, James Gunn ocupa um papel central no universo DC: é o chefe criativo da DC Studios, atuando como roteirista, diretor e supervisor geral do novo universo compartilhado da marca. Na prática, exerce função equivalente à de Kevin Feige na Marvel Studios, sendo o principal responsável pela construção e coesão do novo DCU.
O filme Superman (2025) marca o início oficial desse novo universo e inaugura o chamado “Capítulo 1: Deuses e Monstros” — uma fase que promete um tom mais consistente, planejado e interligado entre filmes, séries e animações. Essa nova abordagem busca revitalizar a DC nos cinemas, com um projeto ambicioso estruturado em capítulos, cada um explorando diferentes aspectos e personagens do universo heroico da editora.

A nova encarnação do icônico Superman ganha vida através do carismático e talentoso David Corenswet. Embora este seja seu papel de maior destaque até agora, Corenswet já havia aparecido em produções como The Politician (Netflix, 2019–2020) e Hollywood (Netflix, 2020). Agora, ele abraça o Homem de Aço com impressionante autenticidade, entregando um Superman e Clark Kent cheios de identidade, humor, sensibilidade e humanidade.
Ao seu lado, Rachel Brosnahan (Operação Vingança, House of Cards) brilha como Lois Lane. A química entre os dois é magnética — possivelmente uma das mais marcantes da franquia — tornando o relacionamento do casal um dos grandes acertos do filme.
O icônico vilão Lex Luthor ganha nova e ousada interpretação nas mãos de Nicholas Hoult (X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, Mad Max: Estrada da Fúria). Hoult entrega um Lex com personalidade marcante, equilibrando ameaça, frieza e narcisismo de forma memorável — uma versão que certamente figurará entre as mais icônicas do personagem.
O novo longa é eletrizante do começo ao fim, vibrante, cheio de ação e com o clima perfeito para toda a família. A narrativa acerta ao não gastar tempo revisitando a origem do Superman — algo já conhecido pelo público e que, se repetido, soaria cansativo. Logo no início, o herói enfrenta sua primeira grande derrota na Terra, ao ser derrubado pelo Martelo de Boravia, sob o comando de Lex Luthor. Gravemente ferido, Superman é resgatado por Krypto e levado à Fortaleza da Solidão, onde recebe cuidados de seus robôs e se reenergiza com a luz do sol.
Durante a recuperação, revê como de costume uma mensagem inacabada de seus pais biológicos — peça central para a trama, que revela parte das intenções originais de enviá-lo à Terra. Após sua recuperação, o Superman ressurge no Planeta Diário, retomando sua dupla identidade como Clark Kent.

É nesse cenário que conhecemos melhor Lois Lane e testemunhamos a química afiada entre os dois. A dinâmica do casal ganha destaque em uma das cenas mais marcantes do filme: a entrevista na casa de Lois. A sequência não apenas estabelece a força da relação, mas também contrasta suas personalidades — Lois, pragmática e consciente das consequências, confronta um Superman que, mesmo com toda sua força, ainda reage de forma emocional e movida por um senso de justiça nem sempre alinhado à prudência, especialmente diante de conflitos geopolíticos complexos.
Tecnicamente, o filme impressiona. As cenas de ação são bem coreografadas e capturadas por uma câmera dinâmica. O diretor de fotografia Henry Braham utilizou lentes Leica Tri-Elmar, que conferem nitidez e profundidade à narrativa, e o longa foi gravado com câmeras RED certificadas IMAX, entregando altíssima resolução e impacto visual (vale assistir em IMAX). A produção utiliza CGI em larga escala, mas de forma equilibrada, sem comprometer a imersão.
Outro ponto alto é o design de produção: a Fortaleza da Solidão impressiona com cenários práticos complementados por efeitos digitais, evocando a estética clássica da Era de Prata dos quadrinhos. O figurino também chama atenção, trazendo de volta as icônicas cuecas vermelhas do Superman, a pedido de David Corenswet, para resgatar um visual mais esperançoso e inspirador.
A trilha sonora, assinada por John Murphy e David Fleming, mescla composições originais com trechos inspirados no clássico tema de John Williams, equilibrando modernidade e nostalgia — algo que contribui para o tom épico e esperançoso que Gunn busca para o DCU.
No conjunto de personagens, o filme apresenta desempenhos que variam entre brilhantes e subaproveitados. No topo estão os irretocáveis: Superman, Lois Lane e Lex Luthor — cada um com presença magnética e bem fundamentada no roteiro. Eles carregam boa parte do peso narrativo e emocional, com química e motivações sólidas.

Num segundo patamar estão os bons coadjuvantes: os pais do Superman, Senhor Incrível e Lanterna Verde. O casal Kent, ainda que limitado em tempo de tela, cumpre um papel emocional delicado e bem executado. Senhor Incrível é um acerto, inserindo reflexões sobre ciência, tecnologia e moralidade que enriquecem a narrativa. Já o Lanterna Verde, mesmo com participações curtas, irradia carisma e chama atenção a cada aparição, potencializado por um visual clássico que dialoga com fãs de longa data.
Por fim, há os personagens subdesenvolvidos: Mulher-Gavião e Engenheira. A primeira sofre com a falta de arco narrativo, tornando-se quase figurativa. A Engenheira, embora igualmente carente de profundidade, ganha pontos pela estética: seu traje e cenas de ação são impecáveis, demonstrando que, visualmente, há potencial ainda não explorado.
Essa distribuição desigual de atenção lembra outros capítulos da DC em que o excesso de personagens prejudicou a construção individual — mas, desta vez, a força dos protagonistas e o carisma de certos coadjuvantes sustentam a narrativa com segurança.

Superman (2025) é, sem dúvida, um acerto em meio a uma sequência de fracassos do DCU. Como filme de super-herói, funciona de maneira eficiente, equilibrando ação, humor e emoção. Embora deixe de explorar com maior profundidade temas contemporâneos de grande relevância — como guerras e conflitos geopolíticos — a narrativa transmite a mensagem que se propõe a passar.
O Superman apresentado aqui está, de fato, “nerfado”, como o próprio James Gunn já havia adiantado antes mesmo do lançamento: trata-se de um Homem de Aço mais “vencível”, algo que dialoga perfeitamente com a astúcia de Lex Luthor, que conhece com precisão os pontos fracos do kryptoniano.
A trama é redonda, simples e objetiva — exatamente a receita que a DC precisa no momento para reconquistar o público. Ainda assim, consegue emocionar, provocar reflexão e trazer à tona discussões relevantes para a atualidade.
Superman (2025) é o filme que a nova DC precisava para demonstrar seu potencial e sinalizar suas intenções para o futuro. É uma produção que vale ser conferida nos cinemas (se possível em IMAX), de preferência com a galera, para sair debatendo depois sobre suas cenas mais marcantes. Um filme que diverte, emociona e reacende a esperança no novo DCU.
★★★★☆ 4/5








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