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Crítica de Bugonia

  • mindinmaia
  • há 6 dias
  • 2 min de leitura
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Bugonia, novo filme de Yorgos Lanthimos, apresenta a história de dois jovens que vivem isolados e acreditam firmemente que a presidenta de uma grande corporação é uma alienígena prestes a destruir o planeta. A partir dessa premissa que oscila entre o absurdo e a paranoia, o diretor adapta a comédia negra sul-coreana Salvar o Planeta Terra (2023) e constrói um thriller cômico que aos poucos sufoca, diverte e perturba.


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O filme conserva o estilo visual já reconhecível de Lanthimos, com enquadramentos calculados, tensão constante e humor incômodo, mas desta vez com uma leveza narrativa que o torna mais fluido e acessível do que algumas obras anteriores.


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Emma Stone e Jesse Plemons são o eixo dramático da trama e entregam algumas das atuações mais expressivas do longa. Ela, fria e estrategicamente controlada, conduz cada cena como se manipulasse o próprio espectador; ele, mergulhado numa paranoia quase palpável, convence tanto que em alguns momentos parece possível acreditar em suas teorias. Juntos, criam um jogo psicológico fascinante e desconfortável, sustentado mais pelas expressões, pausas e tensões do que pelo diálogo direto. É uma dinâmica que permanece ecoando após a sessão, impossível não revisitar mentalmente as nuances entre verdade, manipulação e crença.


A direção de Lanthimos também merece destaque. Embora ainda carregue extravagância e estranhamento, o filme demonstra uma maturidade curiosa, o cineasta mantém sua provocação estética, mas com menos redundância e violência gratuita. Ainda assim, o último ato é intenso, exagerado e pode gerar rejeição em parte do público, especialmente aqueles não acostumados com o cinema cru do diretor.


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Para alguns espectadores, Bugonia talvez não alcance o impacto de obras como A Favorita ou Monstros, permanecendo mais racional do que visceral. No entanto, esse possível distanciamento não diminui seu valor. Pelo contrário, reforça a ideia de que o filme existe para provocar reflexão, rir do absurdo humano e questionar até onde somos capazes de acreditar no impossível.


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No final, Bugonia é um filme que gruda na memória. Não se esgota quando a tela escurece, ele continua pulsando, gerando dúvida, desconforto e risos nervosos. É uma experiência intrigante e repleta de camadas, visualmente marcante, irônica e inquieta. Vale a ida ao cinema porque entrega performances brilhantes, um humor afiado que dialoga com medo e fantasia, e uma estética que cria atmosfera própria.


É o tipo de obra que divide opiniões, que gera conversa, que provoca. Quem busca algo comum talvez estranhe. Quem deseja sair da sala com a cabeça girando, refletindo e reinterpretando cada gesto e olhar, encontrará exatamente o que procura. ★★★★☆ 4/5

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