Crítica de Inexplicável
- mindinmaia
- 6 de dez. de 2024
- 2 min de leitura

Baseado em uma história real, Inexplicável conta a história de um casal, interpretado por Eriberto Leão e Letícia Spiller, que enfrenta o desespero de ver seu filho em estado crítico na UTI. Diante de um cenário sem esperanças, eles encontram na fé a única alternativa para lidar com a situação.

Embora o filme tenha uma premissa emocionalmente poderosa, o conflito central só ganha força no final do segundo ato. Nesse momento, o personagem do pai se revolta contra a tragédia que atingiu seu filho e adota uma postura de negação da fé.
Essa virada é interessante por mostrar o impacto dessa mudança no casamento e por construir visualmente a deterioração moral do personagem, reforçada pela atuação expressiva de Eriberto Leão.

O roteiro apresenta dois problemas evidentes: a repetição exaustiva de seu tema principal, com diálogos que insistem na força da fé mesmo quando isso já está claro, e um apelo dramático excessivo que compromete a narrativa. Como o filme estabelece o pânico logo no início, ele não consegue desenvolver um clímax emocional envolvente, o que diminui sua capacidade de tocar o público. A atuação de Letícia Spiller, marcada por cenas de choro repetitivas, acaba perdendo força devido ao uso constante desse recurso.

O filme também tropeça em seus simbolismos. Os médicos, são retratados como figuras pouco empáticas e usados como contraste com a fé da família, mas a abordagem soa problemática. Da mesma forma, os personagens infantis são apresentados de maneira superficial, com diálogos melodramáticos que buscam forçar uma resposta emocional do espectador.
Essa abordagem limitada transforma as cenas em ferramentas para reforçar a mensagem do filme, ao invés de desenvolver seu potencial dramático. A direção pouco explora o potencial da linguagem visual, e a trilha sonora, excessivamente explicativa, entrega ao público todas as intenções da história sem sutileza.

Se desde o início o foco estivesse nas reações dos personagens diante da presença ou ausência de crença, Inexplicável poderia ter um impacto maior. Contudo, o diretor Fabrício Bittar opta por um caminho mais direto e didático, priorizando uma mensagem religiosa explícita em vez de explorar conflitos internos mais complexos.
Apesar de suas limitações, o longa conta com boas atuações de Letícia Spiller, Eriberto Leão e André Ramiro, que conseguem trazer um pouco de autenticidade à narrativa. No entanto, mesmo com essas performances o filme falha na forma que tenta transmitir sua mensagem religiosa.
★★☆☆☆ 2/5
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