Crítica de Elvis

Elvis é um longa com mais de 150 min que conta fatos marcantes na carreira do ícone do rock mundial, pela ótica de seu empresário, sócio ou amigo, Coronel Tom Parker (interpretado por Tom Hanks). Que na história, foi quem descobriu e levou o Elvis Aaron Presley para o estrelato e fama mundial. Mesmo sem nunca ter feito um show sequer fora dos Estados Unidos durante toda sua vida.

Como narrador da história, e uma figura central ao lado de Elvis Presley ( interpretado por Austin Butler), chama atenção a caracterização de Tom Hanks e seu aparente ganho de peso para interpretar o papel do Coronel Parker.

O que merece um grande destaque e menção é pela atuação do Austin, com Elvis. Desde suas danças e jeito peculiar, a sua interpretação e caracterização do ator para entrar no personagem é algo que merece destaque na obra, além de sua esposa Priscilla Presley (interpretado por Olivia DeJonge), que deve ter dado um trabalho quase mágico de maquiagem para ficar idêntica a personagem, no qual teve muito êxito.

O figurino, caracterização, cinematografia é algo que chama muita atenção durante toda a obra. Locais de shows, até a Los Angeles da década de 60, tudo muito bem construído nos mínimos detalhes remetendo divinamente a shows e locais clássicos e icônicos da época.

A trilha sonora não poderia ficar de fora. Não só pelas interpretações estarem muito bem coreografadas e reproduzidas, desde as escolhas das músicas, que não ficam apenas nas interpretações originais pelo Rei, mas também com versões e releituras como plano de fundo de algumas canções clássicas por toda a obra com plano de fundo para cenas marcantes e emocionantes.

Mostrado de uma forma “lúdica” muitas de suas histórias, trabalhando bem a dramatização sem chocar o espectador. Elvis consegue passar a emoção, desilusões e conflitos, tanto da época, em plena guerra racial nos EUA, quanto conflitos do artista em vários momentos de sua vida.

A fotografia e modo de filmagem, muitas vezes abrandam o impacto da cena, sem deixar de passar sua dramatização, dando um um tom moderno também no modelo de diálogos nas cenas.

O que poderia parecer um documentário filmado, passa longe da "chatice" de mostrar fatos e visões conhecidas pelo grande público ao longo de tempo, mostrando pontos e óticas de ângulos diferentes e internos, mas cravado pela ótica do Coronel Parker.

Mesmo tendo mais de duas horas do filme, o mesmo não se torna cansativo. Emergindo todos no universo particular do artista, fora do palco, no seio familiar e na relação pessoal com seu o Coronel Parker, cheia de conflitos e desentendimentos, de quem construiu o mito Elvis Presley. Muitas vezes vai haver sentimento de gratidão, raiva e arrependimentos e de pertencimento entre um com o outro e vice-versa.

A trama mistura um turbilhão de situações, onde deixa pensativo o espectador sobre o papel do Coronel Parker na vida de Elvis. Se é um “Pai” ou “explorador”. Um “salvador” ou um “destruidor de sonhos”.

De um modo dramático e romântico ao mesmo tempo, Elvis resume mais de 25 anos de carreira artística deste mito, até hoje conhecido como Rei do Rock. Que quebrou paradigmas rígidos em sua época, com sua espontaneidade, irreverência e sempre bom humor, que a obra retrata.

Diferente de muitos artistas de hoje, é inegável que a obra retrata o dom que o mesmo tinha. Gostava de cantar, dançar e encantar a plateia por onde passou.

Artistas como B.B.King (interpretado por Kelvin Harrison) e Little Richard (interpretado por Alton Mason), não foram esquecidos e tiveram suas aparições lembradas no filme. Além do grande guitarrista e artista de blues rock contemporâneo Gary Clark Jr. como Arthur 'Big Boy' Crudup.

Muito do Rock n Roll ser algo “marginalizado” e “ mal visto” vem do trabalho deste artista, que não distinguia classe ou cor, incomodando e quebrando paradigmas fortes da época, pagando o preço e se tornando um mito, um Rei, Elvis Presley.

★★★★☆ 4/5