Crítica de Dungeons & Dragons
- mindinmaia
- 13 de abr. de 2023
- 3 min de leitura

Quase cinquenta anos após a criação do jogo em tabuleiro, Dungeons & Dragons finalmente chega de forma simples, mas decente, aos cinemas e, para a felicidade geral, já se pode esquecer do desastre que foi a adaptação de 2000. Dirigido pela dupla John Francis Daley e Jonathan M. Goldstein, Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes traz a essência básica da ideia de um RPG, presta homenagens e dá o pontapé para possíveis e lucrativas sequências.

Extremamente conhecido e jogado em todo o mundo, D&D, como é conhecido, já arrasta milhões de seguidores. Sua estrutura inspirou toda uma geração de jogos, seja em tabuleiro ou eletrônico. Nele, jogadores criam seus personagens baseados em vários atributos (físicos, psicológicos, culturais etc) e, todos eles, devem seguir as instruções do mestre, pessoa responsável por ministrar as partidas e toda a dinâmica envolvida.

Edgin (Chris Pine) é um Harpista que renegou seu clã pela vaidade do ouro, o que lhe custou caro. Tempos após, conhece Holga (Michelle Rodriguez), com quem inicia uma amizade inesperada. Assim, formam um grupo de rebeldes saqueadores que, traídos pela ganância mais uma vez, acabam presos. Jogados à sorte e às suas destrezas, precisam achar uma forma de recuperar o que lhes foi perdido, antes que tudo vá para o brejo. Sim, sinopse nada original, outros mil filmes já usaram desta genérica fórmula, porém, o que Daley e Goldstein propõem aqui é o que difere dos demais “mais do mesmo”. O filme usa e abusa de recursos explicativos, como flashbacks, porém, são convidativos e não prejudicam o ritmo que, aliás, é bem corrido. E falando nele, em alguns poucos momentos se torna um incômodo quando deixa de ser um recurso para juntar pontas soltas e se torna tapa buraco de roteiro.

Muito se cogitava sobre o humor do longa e sim, é cheio de piadas ácidas, sobretudo quando saem da boca de Simon (Justice Smith), o verdadeiro alívio cômico. A dinâmica entre os personagens é palpável a partir da segunda metade do filme. E é quando se encontra, de todos os pequenos problemas, o maior deles. Até para um filme do gênero, o que foi escrito para Chris Pine e Hugh Grant é simplesmente péssimo. Não existe qualquer veracidade na interpretação e nas intenções dos personagens ao longo de todo o filme. Até mesmo as motivações dos vilões Forge (Grant) e Sofina (Daisy Head) são mais críveis do que a busca pelo artefato mágico que motivou Edgin montar uma nova equipe. O personagem de Pine não faz nada de relevante, nunca. A todo momento fala em “elaborar planos”, podendo assim, fazer até um paralelo entre ele e um mestre de RPG, que não joga, mas é o “cabeça”.

A direção das cenas de ação é ótima, assim como a fotografia. Apenas em alguns momentos percebe-se um Chroma Key bem escancarado. Algumas sequencias são tão bem dirigidas que parecem ter saído de outro filme, mais bem trabalhado, como as múltiplas transformações da personagem Doric (Sophia Lillis), uma druida que compõe a equipe de rebeldes. Em seu terceiro ato, as referências aparecem sem dó: tabuleiros, dados, dinâmica de jogos e até o desenho animado dos anos 80 (Caverna do Dragão, aqui no Brasil) são easter eggs aqui.

Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes, apesar de parecer pouco ambicioso, deve se tornar uma boa opção para fugir das mesmices que se encontra ano após ano, no mundo geek. É leve, em partes, bobo, mas cumpre os requisitos de um bom RPG: entreter e divertir, algo que vem acontecendo há quase meio século.
★★★★☆ 4/5
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