Crítica de A Lenda de Ochi
- mindinmaia
- 25 de mai.
- 2 min de leitura

Não sabia exatamente o que esperar de A Lenda de Ochi, mas o que encontrei me transportou diretamente para os filmes que marcaram a infância nos anos 80, como A História Sem Fim e E.T. – O Extraterrestre. Há algo de mágico, lento e belo nessa produção, uma cadência narrativa que parece ter desaparecido do cinema, especialmente no gênero da fantasia.

A atmosfera do filme é envolvente, com um visual que remete à estética dos contos infantis e uma trilha sonora que, me tocou profundamente, sinistra, encantadora e poderosa. A música não apenas acompanha as cenas, mas constrói emoções e evoca mistério, contribuindo para o clima onírico e, por vezes, inquietante da trama.

O tom do filme é mais sombrio do que aparenta. Em vários momentos, me peguei ansiosa por algum susto ou reviravolta mais impactante e imaginei que crianças provavelmente sentiriam o mesmo. Há uma tensão emocional latente, especialmente na construção do relacionamento entre pai e filha, que flerta com o inquietante. O pai, aliás, é retratado de maneira quase psicótica, um traço que pode ser perturbador para crianças pequenas e até mesmo para espectadores mais sensíveis.

No entanto, A Lenda de Ochi não é um filme para ser compreendido apenas com a lógica, ele apela mais ao simbólico e ao emocional. A jornada proposta é menos sobre eventos concretos e mais sobre sensações e aprendizados. O final, embora simples, me emocionou profundamente. Há uma moral discreta e comovente, quase como um sussurro de esperança sobre reconciliação, aceitação e o poder da empatia. Em tempos tão polarizados, essa mensagem ressoa de forma particularmente relevante.

O elenco contribui para a força do longa. Willem Dafoe está, como sempre, excelente, mas quem realmente me surpreendeu foi Emily Watson, entregando uma performance delicada e potente.

Embora A Lenda de Ochi não seja uma obra-prima, é uma joia rara no cenário atual. Tem o frescor de um filme independente ou estrangeiro, misturado com o espírito de aventura de clássicos como Os Goonies. É um filme que se arrisca e que, apesar de suas imperfeições, conquista justamente por isso. Não é para todas as idades, nem para todos os gostos, mas é para quem deseja algo diferente, mais contemplativo e, sobretudo, mais humano.

Precisamos de menos fórmulas prontas e mais filmes assim que falem com nossas emoções mais profundas, mesmo que nos deixem um pouco desconfortáveis no processo. ★★★☆☆ 3/5
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