Crítica de O Pior Vizinho do Mundo
- mindinmaia
- 1 de fev. de 2023
- 2 min de leitura

Seguindo a mesma linha de Christopher Robin, o diretor Marc Forster aposta no carisma infinito de Tom Hanks e na magia da comédia dramática para entregar um mais do mesmo de alto nível. O Pior Vizinho do Mundo, adaptado da obra Um Homem Chamado Ove (Frederik Backman), fala sobre luto e como uma amizade pode catapultar alguém para fora do pessimismo.

Desde Um Lindo Dia na Vizinhança, Hans vem amargurando papéis medianos em filmes que vão de zero (Pinóquio) a cem (Elvis) em poucos segundos. Sim, claro, é um ator extremamente versátil, mas, aos poucos, tornando-se mais desinteressante, à cada longa que saia. Para a felicidade do público, o homem está de volta.
Otto é um vizinho extremamente cabuloso, o maior pesadelo do condomínio onde é coordenador. A internalização de todo esse amargor, aos poucos, se transforma na medida em que conhece Marisol (Mariana Treviño) e sua família, novos moradores da casa da frente.

Notadamente básico e batido, o enredo é contornado de forma empolgante por Forster, seja com situações inusitadas entre os protagonistas, seja pelo elo criado entre estes e quem assiste. O roteiro ainda pincela esboços de momentos mais dramáticos, com sucesso, mas sem muito aprofundamento. A sensação é de estar assistindo um Gran Torino, onde Eastwood se consulta com Fred Rogers e o ursinho Pooh, num divã. Totalmente anestésico.
Ainda sobre o roteiro, David Magee ainda traz uma saída mais próxima do melodrama do que na comédia, quando exige o máximo do elenco. Em gestos, comportamentos e expressões, sua ideia é traduzida, por Hanks, em sua maioria, em momentos de difícil digestão emocional. É só lembrar da cena emblemática entre Rooney Mara e a torta em A Ghost Story (2017).

O Pior Vizinho do Mundo é notadamente uma dramédia reciclada, inclusive, de sua versão sueca, mas a magia de um bom roteiro, um elenco carregado de carisma e um frontman retornado das sombras, dá um tempero de novidade a tudo isso. Lidar com o luto, aqui, não é uma coisa fácil (na verdade, em lugar algum), mas as sessões de terapia com Pooh e Fred Rogers, com certeza, inspiraram as mentes por trás deste longa.
★★★★☆ 4/5
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