Crítica de Bodies Bodies Bodies
- mindinmaia
- 5 de out. de 2022
- 2 min de leitura

Buscando novos ares, mirando num público mais jovem, a nova produção da A24 vem carregada de humor ácido, críticas sociais e muita falta de noção. Bodies Bodies Bodies tem direção de Halina Reijn (Instinto e A Espiã) e marca uma transição curiosa em sua filmografia, positivamente, ao menos.
Sophie (Amandla Stenberg) e Bee (Maria Bakalova) chegam à mansão de David (Pete Davidson), onde está rolando um encontro de amigos. Lá, conhecemos Alice (Rachel Sennott), Greg (Lee Pace), Emma (Chase Sui Wonders) e Jordan (Myha´la Herrold) e descobrimos que eles não haviam convidado Sophie.
A cada minuto, Halina constrói seus personagens em diálogos que remetem eventos num passado próximo, o que é o mínimo necessário para que o roteiro dê andamento à trama. Porém, algumas destas informações são alteradas no decorrer dos eventos, o que torna a experiência mais imersiva e menos fadada às adivinhações.

Durante a noitada, regada a muito álcool e drogas, os amigos decidem brincar de bodies bodies bodies (daí o título), uma espécie de “polícia e ladrão”, em terras canarinhas. A partir daí, uma série de mortes reais começam a acontecer, fazendo com que o clima de insegurança e paranoia tome conta do ambiente e das mentes fracas dos adolescentes. A direção trabalha bem no mistério que o roteiro traz, sobretudo no que se refere a quão cada um conhece sobre si mesmo e as pessoas com quem estão e, como dito acima, à medida em que eles se conhecem teorias anteriormente formadas se quebram e dão origens a novas.

Existe uma forte crítica ao consumo da tecnologia, sobretudo às redes sociais, que distorcem a realidade da vida alheia e resume, da forma mais simplória possível, a complexidade das relações afetivas, além da banalização da pormenorização da mente humana. Claro, tudo tratado com acidez e sarcasmo, conversando perfeitamente com a proposta ao público-alvo.
O elenco é bem atuante ainda que desconhecido do público em sua maioria. Os destaques vão para Maria Bakalova, que teve indicação ao Oscar por Borat: Fita de Cinema Seguinte (2020) e Pete Davidson (The Dirt: Confissões do Motley Crue, 2019). Ainda que o roteiro não exija muito, eles se saem extremamente bem em seus exageros, tanto em comicidade quanto em austeridade.

Apresentando plots interessantes, Bodies Bodies Bodies é um Slasher bem diferente do que vem sendo feito há décadas. Isto é ruim? Não, visto que a saturação do subgênero por alto volume de obras abaixo da média e de recentes reboots que vêm fracassando, investir em algo fora da caixa é mais que bem-vindo.
★★★☆☆ 3/5
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