Resenha de Ainda Não Sei o Meu Nome
- mindinmaia
- 21 de fev. de 2024
- 2 min de leitura
A mais recente obra da pernambucana Zuleide Lima é uma jornada cativante através de uma distopia meticulosamente construída, lembrando narrativas clássicas do gênero. Em seu novo romance, nos oferece uma narrativa envolvente e reflexiva, repleta de reviravoltas que mantêm os leitores desejando por mais.
Durante o carnaval, Zuleide Lima propôs um desafio de leitura para Ainda Não Sei o Meu Nome, no qual revelou-se uma experiência gratificante e envolvente para os leitores que se comprometeram a seguir suas instruções. Ao delinear uma meta de leitura ambiciosa, dividida em cinco capítulos por dia, desafiando os participantes a mergulhar profundamente em sua narrativa dentro do prazo.

Ao longo da leitura, é impossível não notar os paralelos com obras da ficção distópica, no entanto, Zuleide transmite sua própria marca distintiva na trama. O ritmo frenético da narrativa, aliado à alternância entre os pontos de vista dos protagonistas, Tander e 547, mantém o leitor imerso na trama, incapaz de largar o livro até sua conclusão.
No centro da história pós-apocalíptica está uma sociedade fragmentada e controlada por um líder autoritário, onde os cidadãos da Ilha da Gota são categorizados como ordinários e extraordinários, sujeitos a uma vigilância incessante e privados de sua humanidade. A ausência de nomes em favor de identificadores numéricos, juntamente com a falta da individualidade e de emoções genuínas, criando um ambiente opressivo que ecoa durante a distopia.
No entanto, é através do questionamento dessas normas impostas que Zuleide eleva sua narrativa além das convenções do gênero. Através das experiências de personagens "danificados", ela desafia as noções de perfeição e questiona se a verdadeira humanidade pode ser medida por padrões pré-estabelecidos.

A base do romance se desenvolve nas reflexões que provoca sobre a relação da humanidade com a tecnologia e o poder manipulador dos líderes. Em um mundo onde a individualidade é extinta em favor da conformidade, nos fazendo lembrar da importância de preservar nossas identidades e resistir à tirania.
Em suma, Ainda Não Sei o Meu Nome se destaca como uma adição impressionante ao modelo de ficção distópica, mas também serve como um lembrete oportuno das ameaças que enfrentamos quando abrimos mão de nossa humanidade em favor do controle e da conformidade. Uma leitura obrigatória para os amantes do gênero e para aqueles que buscam uma reflexão profunda sobre os perigos do poder desenfreado e da perda da individualidade.
★★★★★ 5/5
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