
Crítica de Maligno - James Wan une experiência com paixão pelo cinema
- mindinmaia
- 12 de set. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 28 de jun. de 2022
Ao longo do ano, a Warner Bros veio nos preparando para seu catálogo, seja com reboots, sequências ou blockbusters (ou tudo isso junto), sempre deixava clara a estratégia de marketing, seja nas telonas ou simultaneamente na HBO. Até então, nada de diferente, exceto pelo “fator James Wan”. É inegável que a carência de material de divulgação de Maligno seja a própria falta, afinal, o diretor afirmou que este seria seu primeiro “Giallo”. Mas, o que tudo isso significa?
Após uma introdução estilo Re-Animator (1985), acompanhamos Madison (Annabelle Wallis), uma mulher reservada, vivendo num relacionamento abusivo. Após um evento familiar traumático, começa a vislumbrar estranhos eventos em sua casa, sempre cercados de muita violência, mistério e nada de sanidade. Quando divide o problema com sua irmã, Sydney (Maddie Hasson), decidem contar aos detetives Kekoa Shaw (George Young) e Regina Moss (Michole Briana White), da polícia de Seattle.

O que Wan faz em Maligno é simplesmente uma das melhores homenagens às diversas vertentes do horror e terror, sobretudo o gênero cinematográfico italiano Giallo. Mas o que é Giallo? Do italiano, significa amarelo, cor predominante nas capas de revistas Pulp que circulavam no país desde meados da década de 20, porém, no cinema, teve início com Mario Brava (La Ragazza Che Sapeva Troppo), em 1963, e seu auge na década de 70, com Dario Argento (Suspiria). Essas obras Pulp traziam histórias de assassinos em série, investigação policial, muita violência e nudez, sempre numa fórmula básica: uso de luvas pretas, revelação do assassino no terceiro ato, muita teoria, perseguição, misoginia e sangue.
Todas estas características são fielmente contempladas com um roteiro convincente (exceto pela nudez), mesclando elementos supracitados aos diversos subgêneros: slashers, splatters, horror psicológico, terror paranormal, horror cósmico e found footage. Os vários Plots do longa são acompanhados por trilha sonora com muitos sintetizadores, marca dos maiores clássicos de John Carpenter, outro diretor referenciado. Aliás, todas as músicas aqui tocadas dizem muito da trama, algo novo para o diretor. Recursos amplamente utilizados em seus filmes de sucesso, os Jumpscares, estão ausentes aqui, num desprendimento necessário e em bom tempo.
O roteiro, do próprio Wan, assinado também por Akela Cooper, traz uma trama que é gostosa de acompanhar, sem muitos rodeios, deixando cada minuto ainda mais tenso, sem entregar tudo de vez e, como todo bom roteiro, temos uma ótima edição. O uso de recursos de traveling, zoom in/out e planos sem corte só aumentam a imersão nas cenas, seja de suspense, seja de ação. Para a alegria dos fãs do gênero, a direção optou pela mescla entre efeitos visuais e práticos, a cargo da Industrial Light & Magic, de George Lucas.
Maligno provavelmente não terá uma boa recepção pela nova geração, fato provavelmente explicado pela fórmula intrínseca criada por James Wan em Invocação do Mal, que permeia os derivados e sequências fracas em qualidade, mas que são sucesso em bilheteria. Talvez a estranheza com o novo formato, por parte dos fãs, faça com que a chave “gire” para que outras produções semelhantes sejam mais frequentes. O Terror atual clama por uma mudança há algum tempo, e alguns poucos vêm nos presenteando tão bem, como Jordan Peele, Brandon Cronenberg, Ari Aster, Robert Eggers e Rose Glass.
Não estranhe se Maligno estiver entre os melhores do ano, não só por referenciar nomes como Brian Yuzna, Clive Barker e Wes Craven, além dos citados, mas por caminhar também de forma original, com atuações convincentes, sobretudo da Annabelle Wallis, que nos entregou o mais novo personagem do horror contemporâneo. Depois de emocionar em Velozes e Furiosos 7, arrepiar em Sobrenatual, ser ovacionado em Aquaman e nos presentear com este Giallo, o que mais podemos esperar de James Wan?
★★★★★ 5/5
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